
Provas estão marcadas para dias 17 e 24 de janeiro.
Órgão queria adiamento 'até que haja condições adequadas para a sua
realização'.
A Justiça Federal negou, nesta sexta-feira (15), o pedido do Ministério Público
Federal (MPF) para o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em
Minas Gerais. A ação foi ajuizada contra a União e o Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) nesta quinta-feira
(14).
A ação foi
distribuída para a 16ª Vara Federal de Belo Horizonte. De acordo com a decisão
assinada pela juíza federal Rosilene Maria Clemente de Souza Ferreira,
"não há comprovação de fato que evidencie qualquer despreparo dos
organizadores do exame no tocante à observância dos procedimentos de higiene,
já tão amplamente divulgados pela mídia".
Mais de meio
milhão de pessoas estão inscritas no Enem em Minas Gerais. As provas serão
realizadas nos dois próximos domingos, dias 17 e 24 de janeiro.
O MPF queria o
adiamento até que houvesse "condições adequadas para a sua realização, a
serem atestadas por órgão técnico". O procurador da República Helder Magno
da Silva disse que a reunião de milhares de pessoas em ambientes fechados vai
contra as medidas sanitárias mais restritivas adotadas tanto pelo governo de
Minas Gerais, quanto pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
A juíza federal,
no entanto, entendeu que existe a questão jurídica do risco à isonomia das
partes:
"O pedido desta demanda se encontra adstrito ao estado de Minas
Gerais. Com efeito, o Enem é exame de dimensão nacional, e, se considerarmos
sua realização em outros estados da federação e um futuro exame em Minas
Gerais, a isonomia entre os examinandos ficaria seriamente comprometida, o que
caracterizaria uma situação de difícil reparação".
Ainda segundo o
documento, "até que se prove o contrário, detém o poder público condições
de realização das provas com a tomada de todos os cuidados e precauções que o evento
exige, de onde se pode extrair que os direitos mais preciosos protegidos pela
nossa carta constitucional encontram-se sob responsável cuidado".
Pandemia em Minas Gerais
De acordo com a
Secretaria de Estado de Saúde (SES), Minas Gerais teve o quinto recorde de casos de
Covid-19 em 15 dias, com 9.120 novos casos nas últimas 24h. Até
o momento, foram registrados 628.966 infecções por coronavírus e 13.182 mortes
em decorrência da doença.
Nesta quarta-feira
(14), Belo Horizonte passou a marca de 2 mil mortos pela
Covid-19. A cidade segue com dois dos três principais indicadores do
avanço da pandemia em alerta máximo e, desde segunda-feira (11), só
permite o funcionamento de serviços essenciais.
Outra decisão da Justiça
Nesta quinta-feira
(14), o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) negou o adiamento das provas e
manteve a decisão da última terça-feira (12) que diz que, caso
uma cidade tenha elevado risco de contágio que justifique medidas severas de
restrição de circulação, caberá às autoridades locais impedirem a
realização da prova.
·
Metrô de Belo Horizonte amplia horário de
funcionamento nos dias do Enem 2020; ônibus também terão reforço
Se isso acontecer,
o Inep terá que reaplicar o exame. O presidente do instituto afirmou ao G1, também nesta quinta-feira, que não
há como "assegurar que vamos fazer aplicações em cidades que
vão pedir reaplicação".
A Prefeitura de
Belo Horizonte manteve o exame para as datas estabelecidas pelo Inep e disse
que "só é responsável pelo transporte público e
pelo trânsito nas imediações dos locais de prova". Ao todo, 93.953
pessoas vão fazer o Enem na capital mineira.